quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Viajando

Por Priscila Ribeiro
O interior da cidade é uma delícia não é? O consumo desenfreado parece não ter lugar ali, o espaço das milhares de lojas presentes na capital é ocupado por milhares de banquinhos de madeiras que fazem uma espécie de trilha para a igreja Matriz, o coreto, as sorveterias e mais banquinhos onde pessoas conversam animadamente transparecendo a paz e amizade entre elas.

Afirmo tudo isso com base na visita recente a cidade Atibaia, viagem um tanto extraordinária. Não tinha roteiro traçado, mas sempre acabo me deparando com lugares históricos, o que não foi diferente dessa vez em que encontrei um lugar fantástico por sua história que começa no ano 1836 quando em um só espaço começou a funcionar uma penitenciária, Câmara, delegacia e ainda um Fórum.

A visita a essa caixinha de histórias, o Museu de Atibaia, foi guiada por duas pessoas extraordinárias (assim como a cidade) eles se chamam Miguel Messias dos Santos, um poeta incubado, que não tem parentes na cidade, mas continua vivendo lá por seu amor declarado em poesias que ultrapassam mil; e Izilda Aparecida Pinheiro, uma senhora cativante que me levou a querer saber mais sobre a história da cidade.

Assim que entrei no Museu, como curiosa que sou fui logo perguntando a Dª Izilda o que funcionava ali antes de tornar um Museu e quando a resposta foi “uma prisão” super me empolguei a começar informações. Quis saber quantos detentos havia e o que eles haviam feito para estar ali naquela cela super espaçosa, mas de piso e paredes rústicas e frias nada aconchegantes.

E a resposta de Dª Izilda foi: Detentos perigosos não ficavam aqui, eram levados para São Paulo, ladrões de galinhas, brigões que disputavam terra, esses sim cumpriam a pena aqui, mas a situação não era séria como hoje, por exemplo, apesar das janelas com grades de ferro grosso e resistente não havia preocupação com fugas, pelo contrário, os detentos podiam sair com facilidade para tomar sol na praça em frente e voltavam assim que eram chamados.

Em seguida Dª Izilda me conduziu ao espaço onde era a solitária, diferente da cela anterior, essa era pequenininha e escura, ela me conta que o prisioneiro mais perigoso, que matou um parente, foi condenado a 30 anos. Em seu último ano de pena, permaneceu na solitária e ali cometeu suicídio.

No andar de cima, fui conduzida pelo Sr. Miguel que me contou que no salão onde estávamos agora era a sala do juiz e o resto do espaço era dividido para o cartório eleitoral, uma parte para a sala do vereador e outra parte para a sala do promotor.

Ele me contou ainda que o som do sino significava para os 3000 moradores de Atibaia na época, que naquele momento estava se iniciando um júri que resultaria na prisão ou soltura de alguém ou que aquele momento era o toque de recolher, na República Velha.

Ei, se você conseguiu chegar até esse último parágrafo é apaixonado por história e curioso por coisas novas e teve a oportunidade de conhecer uma cidade sem ao menos levantar da cadeira.

Um comentário:

  1. Oi Priscila! Obrigado pela visita ao blog do Pueras!

    Olha, realmente você escreve muito bem! Eu até me senti andando pelas ruas de Atibaia, e vendo as pessoas sentadas nos banquinhos...e ainda fui além; vi até pessoas mais velhas jogando xadrez ou damas em mesinhas de praça.(rsrs) Vou te dizer uma coisa. As pessoas só chegam ao ultimo parágrafo do que você escreve se você tiver astucia para prendê-las até o ponto final da história...e você tem menina...parabéns!!! E me desculpe pela quantidade de reticências...rsrsrs...é que eu sou viciada em reticências...

    Um super beijo

    ResponderExcluir